quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Conversa Série

veja bem

o problema não é você
o problema não sou eu

o problema é um penetra

o problema do problema
foi não ter sido convidado
erro grave cometido nos inícios
de todos quando estão apaixonados

mas agora olhando para ele
o problema é tão adorável

ele é um parceiro
um amigo diário
ele não reclama
ele não impõe condições
ele não cobra horários

tenho que bater continência
o problema é adimirável

o problema se é ignorado
não desiste, não fica bravo
não dorme no sofá, nem fica acordado

o problema se desafiado
fica mais forte
torna-se necessário

ah esse problema
que resistência a tudo
um eterno obstinado

mesmo sem ser convidado
tem lugar cativo, é ativo
está sempre alerta
um verdadeiro guerreiro armado

então

o problema não é você
o problema não sou eu

que essa parte do problema
fique bem claro










terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eu sou mais bonita na foto do que pessoalmente

Pois é, descobri recentemente que sou mais bonita na foto do que pessoalmente no espelho.
Adoro tirar fotos. Hábito que pratico desde que apareceram com um flash na minha frente. Aos nove anos ganhei minha primeira câmera fotográfica. Nossa fiz muitos books meus com ela. Até parede de casa vazio era cenário para pose.
Uma vez tirei trinta e seis fotos com uma amiga, a Lidiane, em uma só noite.
Enfim, ter ficado mais grandinha, não matou essa paixão de contemplar meu semblante através de uma imagem. O que mudou foi a foto. Antes eu carteava papéis com tamanhos exatos, agora eu clico em um botão e avanço até chegar na mesma foto que iniciei a olhar. Se eu gostar muito da imagem, recorto ela no computador, faço efeitos, mudo de cores, brinco de editora de catálogo de moda.
Isso não tem muito a ver com o que me fez pensar no assunto.
É que ultimamente andei olhando fotos antigas e até mais recentes e vi uma certa falsidade na imagem imóvel e congelada.
Claro que sou eu. São meus olhos, minha boca, meus cabelos, meu sorriso e até meu corpo (esse é o que mais demonstra falsidade), mas se eu pegar uma câmera agora, a foto que sairia poderia colocar em dúvida se realmente somos a mesma pessoa.
Vou chamar isso de realidade extrema. É isso, essa cara que escreve agora é minha realidade extrema. Estou de roupa de andar em casa, sem maquiagem alguma, com o cabelo desalinhado e com uma certa gripe.
As fotografias não são tiradas para mostrar isso, por isso que a gente costuma dizer que vai se arrumar para tirar foto. A gente se prepara antes para registrar uma versão arrumada da nossa imagem (isso cabe bem para mulheres) porquê não adimitimos nos revelarmos como nossa realidade extrema se apresenta. Imagine, cílios minúsculos sem rímel, seria inaceitável!
No fim são centenas de imagens agradáveis e nenhuma da verdade, ou você tiraria uma foto quando acorda e colocaria em uma rede social?
É, não só as fotos revelam a nossa utopia física, elas fazem pensar que o tempo inteiro, sem percebermos ou planejarmos, nos arrumamos para o mundo. Acho que é por isso que as pessoas se enganam tanto.
Nem todo mundo aguenta ser a foto o tempo inteiro e nem todo mundo que a gente conhece está interessado em ver como é antes de se arrumar pra foto.
Posso dizer que o elogio mais sincero é a do apaixonado dizendo como eu sou linda acordando ou enquanto choro e que a maior prova de intimidade para uma mulher com alguém é conseguir abrir a porta de casa do jeito que estava. Afinal somos tão articulados em esconder nossa realidade extrema que não revelamos ela para qualquer amigo ou amor, as vezes forjamos até a aparência de ficar em casa.

Não é fácil encarar o espelho com a cara limpa, quem dirá o resto. Tem que ter coragem e um kit básico para fotografia. Principalmente as fotos sem câmeras diárias!