quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sozinha

então esse dia triste chegou
agora divido-me entre lágrimas e desordem

chegou o dia que meus beijos não lhe interessam mais
minha pele não faz mais harmonia com a tua
teus bons dias, bons almoços, boas tardes e
boas noites não são para mim

chegou o dia que vastas horas em silêncio
é tudo que recebo como resposta a minha saudade
que tuas palavras nada mais querem dizer
e que a distância é tudo que você planejou

entre tantos fora de série encontrei em ti um amor
agora choro sozinha a dor de um encanto que se quebrou

a poesia me mentira tanto quanto você me enganou
e vejo dois horizontes se perderem da minha vista

o nosso passado que já acabou
e o nosso futuro que você nos privou

sigo sozinha, sempre ao lado da poesia
e mesmo traída, voltarei a acreditar no amor


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Talvezes

talvez você nunca entenda os motivos que me trouxeram até aqui
talvez esse tenha sido um adeus cheio de dúvidas
talvez eu deseje muito ter seus beijos e a lembrança deles me façam arder
talvez você dobre a esquina e perceba que não tem mais espaço para mim

talvez eu beba pra esclarecer melhor as ideias turvas
talvez eu faça dieta de sentimentos, e meu estômago se negue
a ingerir qualquer alimento até que todos os muitos sentimentos
saiam de mim

talvez você nunca entenda o sentido de um amor leve que entende
que compreende, que perdoa, que consente
talvez todos julguem minha atitude desesperada
meu amor próprio aniquilado
e que me contento com qualquer forma fria

talvez as coisas sejam bem mais simples do que tanta confusão
e talvez o tempo guarde uma porção de alegrias

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Copias sem alma

não copio versos alheios
apenas replicando aos ventos
qualquer citação lida

algumas inspirações
sinto o dever de dividir

cada um tem uma única essência

desperdício é descrever-se
sempre como o outro disse

usar frases prontas
de lugar comum

se é para ser sempre como o outro

melhor o silêncio de quem
não consegue nada de sua
própria natureza dizer

o silêncio de alguém é singular

fala mais de você
do que as palavras
de um estranho

Meditação

sentei-me ao lado de um ninho
observando a vida que escondia-a dentro

havia pequenos galhos amarrados
todos protegendo o centro

olhei entre os emaranhados que envolviam
lá naquele pequeno orifício escuro
e protegido da luz
guardava-se uma vida

voltei meus olhos ao horizonte
a poluição da cidade
a hipocrisia da humanidade
a agitação do mar

nada tinha conexão


voltei a olhar o ninho
encontrei-me com um frágil olhar
que brilhava em tom lacrimal

uma vida esperava o seu momento
de libertar-se de um ninho
mas antes mesmo que eu pudesse lhe ver
seus olhos me traíram

sábado, 23 de novembro de 2013

eu nunca te amei
eu
nunca
te
amei

eu nunca
te amei

e
u
a
m
e
i

sábado, 9 de novembro de 2013

Cambio

para cada suposição minha
um beijo teu

cambiamos assim?

minhas inseguranças
por teus beijos

você sem ter que explicar nada
e eu com a boca beijada

O amor que não disse

eu nunca disse que o problema era amor
nunca disse que o problema era a falta dele

não, eu nunca disse isso
não da minha parte
não do meu lado
não do meu querer

eu nunca disse muitas coisas
e muitas coisas eu já disse

mas sobre o amor mesmo

meu amor
pouco disse



domingo, 3 de novembro de 2013

Poesia não escrita

transita uma poesia em mim
incapaz de encaixar-se em versos

ela percorre memórias
visita sentimentos
confunde-se em emoções

transita em mim uma poesia

ao encarar o espelho
a vejo

o verso é pele
a poesia sou eu

domingo, 20 de outubro de 2013

Inspiração Passageira

Opa!!

voltou a inspiração

Segure-a!!

lamento, não há mãos

Até logo!!



Conflito de Silêncio

no silêncio do ruído
o barulho ensurdecedor
do inexistente
causava estrondos abusivos
de impactos estridentes
na audição inconsciente

o silêncio não conseguia calar-se

Capacidade Limitada

continha três coisas
a dominar seus pensamentos

uma
duas
três

nenhuma delas
dividia-se com a outra

eram todas estranhas




Estado

transborda em tecido
incólume


nada há
além do próprio
interior ao transbordar
de si

Razões de Ter

não teria o mesmo gosto
se não tivesse ao menos
lhe provado uma vez

não teria a mesma pele
se não tivesse ao menos
lhe tocado uma vez

não teria o mesmo piscar de olhos
se não tivesse encarado tua
face ao lhe ver

não teria a delicadeza ao sorrir
se os lábios desconhecessem
a razão de porque se abrir

não teria
gosto
pele
olhos
sorrisos

explicação de existir, não teria

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Mudanças (apenas)

ela vê o enfeite na entrada da sala de estar
que entra todos dias, nos mesmos horários

reconhece o sorriso da boneca decorada
puxando um vestido curto com cara de levada

na lateral, sem que a boneca ao menos possa ver
a fresta da janela quase aberta, quase fechada
faz surgir um efeito de possibilidades
faz o sim pesar tanto quanto o não
traz curiosidade, desejo, receio
traz a mesma visão conforme o vão

o que acontece com a janela que nada fala
ela abrirá ou fechará

a janela fica imóvel a espera de um contato
quer a brisa ou tempestade ou o sentir  de mãos

a boneca que parece enfeite de decoração
está imóvel, em uma posição, levemente anexada a parede
ela não apenas sorri, não apenas serve de porta chaves
a boneca tem uma razão

a boneca revela um momento, uma passagem de tempo
um prósito de consumo, uma alegria, uma imaginação

porque escolher uma boneca para carregar segredos de chaves
porque essa boneca tem que sorrir imóvel
sem ambição ou função para outra utilidade

a casa externa uma (des) combinação de momentos
premeditações, acasos, descasos, poeira, identificação
sonhos

o que tem em uma casa, não tem em outra casa não
assim habita no corpo uma porção de coisas combinadas
e não habita em nenhum outro corpo igual combinação

a brisa que fechará uma ou as duas abas da janela
é parecida com o vento que fará bater as abas com tal
força que estourará nas paredes laterais com um estrongo

o mesmo ser de hoje, nada se parece com aquele outro ser
tudo que tem vida em contato não apenas muda

mundanças não descendem de apenas
mudanças são poesias que surgem
da dança de acasos com tomadas de decisão


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sobre o Sentir

Não odeio ninguém, não vejo vantagem em odiar. Aprecio até demais os (d) efeitos alheios. Não potencializo minhas tristezas, nem maximizo meus fracassos e decepções. Não envaideço com minhas alegrias, tão pouco as exibo como troféus, superioridades ou mérito exclusivo.

Eu sinto. Apenas sinto. Às vezes o sentir se externa, outras cala-se em anonimato. E como todo sentir, os meus sentimentos são transitórios e inconstantes. Sei amar e isso já me basta como a humana que sou. Isso transforma todo o resto e todo ruim vira bom e todo mais ou menos vira bom e eu fico bem.

Alguns julgam-me fria, premeditada, uma estátua sem alma. Exagerados. Outros uma poetiza, uma eterna menina, uma essência a flor da pele. Romancistas.

Concluo! Cada um vê em mim o que lhe apetece. O olho também come, degusta, saboreia e como tudo que é comido, pode fazer bem ou não.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Carta de Amor Banalizada

premeditadamente devo estar tomando alguma distância de você
de forma calculada, planejada e com objetivo definido
isso se deve a necessidade de distância entre os corpos
desejos e impulsos originários do excesso de contato
que vinhamos tendo nos últimos encontros

és uma pessoa inteligente e provida de boa saúde mental
acredito que compreenda esta teoria que venho por meio deste explanar

constatei que devido aos impulsos constantes da humanidade
na qual pertencemos selvagemente, esperançosamente e um tanto cruéis
atropelamos no decorrer do desenvolvimento da vida algumas
etapas saudáveis pertencentes as relações emocionais

veja bem, não estou citando nenhuma regra ou fórmula a ser seguida
essas linhas apenas devaneiam sobre teorias e observações
prestadas gratuitamente pelos olhos, ouvidos e raciocínio de quem escreve

alerto, que por não ser cientifico nada que "afirmo" nesses versículos
tem total liberdade de considerar tolice, banalidade e "coisa de poeta"
cada palavra que ler, tendo a garantia de não ofender-me com tal gesto
portanto, como previsto, sirva-se como bem entender do que projeto
seja com refinado toque de ironia, dúvida ou doses cavalares de paixão

aliás, paixão era o propósito dos escritos, continua sendo retomada deste ponto

é notado que devido ao forte indício da bomba relógio que penetra nossos corações
a cautela deve ser aliada do bom convívio para que tenhamos um tempo significativo
e duradouro ao lado um do outro
com possibilidades de planos futuros após a fase fantasiosa e exagerada dos inícios

com tal pensamento tomei a liberdade de distanciar-me por hora dos beijos quentes
fortes abraços, seguidos por mordidas, e emaranhado de pernas e gozo que proporcionou-me

após essa atitude de distanciamento apresentado, concluo que as chances de longevidade
fortaleceram essa relação que aparentemente apresentou basear-se além dos laços primitivos
impulsivos, carente-afetivos e necessidades fisícas hormonais da nossa espécie

sem mais delongas, sugiro que esqueçamos os clichês, formalidades, receios
e a cerimônia desta conversa e retornemos a viver nossas vidas amorosas
apaixonadamente, alegremente e prazerosamente sem premeditar ou tirar conclusões precipitadas
baseadas em um futuro irreal, construindo assim, uma melodia sincera de amor em nossos corações


Até mais ver (amorzinho).







quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Todo o amor do Mundo

ah querido
você que me cobra
tanto amor
todo amor
cada gota
que possa eu
oferecer

você que vela
meu sono
que bebe meu suor
que se deleita
em minha pele
em minhas pernas
em minha diversão

você que exige
a atenção maior
nenhum segredo
entre nós
todas as direções
e o brilho completo
do meu olhar

ah querido
mesmo que eu o pudesse
de tantas maneiras o amar
ainda assim
seria insuficiente
ao amor próprio
que deve acima do meu
por ti transbordar

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Construção

meu amor nasce no peito
como casa em construção

no inicio é terreno vasto
horizonte sem fim
habitado por pedregulhos
bichos da terra
alías, muita terra

quando menos espera
avista um possível proprietário

que pouco a pouco mexe a terra
de um lado pro outro
retirando as pedras com cuidado
acariciando o espaço vazio

as vezes a obra para
porque a chuva é necessária
em outras chove demais
parece que tudo vai desabar

de repente surge o sol
e tijolo a tijolo
as possibilidades
voltam a ser infinitas










sábado, 19 de janeiro de 2013

De cara limpa

encaro meu espelho interior
através dos olhos que fazem
dupla em minha face

sincronizados
são passagem secreta
que abre espaço
para que seja visto
tudo que há em mim

dia longo
longo dia
começo o
ritual em
busca da beleza
pura escondida
atrás dos disfarces

removo o rímel
o delineador
a sombra
o blush
o pó mineral
o corretivo facial
e o que sobrou do batom

faço concha com as mãos
encho as palmas com água
carregando suavemente
ao encontro de meu rosto
onde as gotas escorrem
percorrendo as linhas
e traços que desenham
um formato arredondado

avisto pela janela do olhar
o que quase mais ninguém vê

a figura feminina de cara limpa
com a alma lavada de verso e poesia









segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PASSADO MAL PASSADO

o único inimigo morto
que vive me atrapalhando
é um tal de passado

quanta bobagem
passado é fato consumado
como diz o sábio ditado
vive melhor morto e enterrado

sábado, 12 de janeiro de 2013

Acessório para Sala de Estar

cavo com as mãos e olhos
as caixinhas esquecidas
nos arquivos de um
tempo que acabou

corto em pedaços
divido os retalhos
teço um tapete
calço o melhor sapato

piso em cima
do que passou




Oferta de Compra

ofereça-me como amor tudo que não tiver esgotado
medido, calculado, planejado
engasgado, magoado, premeditado

além de um excelente espaço interno:
restaurado
arejado
limpo

e acima de tudo
desabitado


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lição

o tempo sorrateiro
pregou peça em mim

deixou-me sem dormir
negou-me o sorriso

o tempo matreiro
tratou logo de se estender

esticou a madrugada
cansou meu corpo
trouxe a solidão
sem perguntar sequer
o que eu achava
dessa encrenqueira
musa solitária

que sabedoria dolorida
aprender com brigas
as lições do tempo
e da saudade

é batalha desnecessária
é entrar na guerra sem saber
usar as próprias armas




A Gota Certa

tem uma última gota
que transborda
o mesmo copo
vez que outra
e você não a vê

sua queda é repentina
bate no copo
como se batesse no mar
explode em gotículas
molha tudo ao redor

molha a face
molha a mão
molha o peito
molha o beijo
molha a noite

tem uma primeira gota
que renasce vez que outra
entre seus lábios
que transborda com beijos
explode meio aos sorrisos

essa gota misteriosamente aparece
quando os seus olhos
me chamam de amor