sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Algo Novo em um Novo Ano

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

escolheria desejar algo novo pra 2013
que daqui uns dias será o ano mais recente

neste ano iria aplicar alguns aprendizados
que notei no ano anterior
como falar menos do meu amor
dos meus sentimentos
do que me alegra por dentro

aplicaria esse aprendizado
também no novo trabalho
na nova casa, nos novos contatos

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

escolheria cuidar mais de mim
dividir-me com menos gente
acolher no meu peito
o que de valor me aqueceu
no ano anterior

expondo menos meu valor
o valor do outro
e o valor de ser poeta

a língua é lâmina certa
corta sem perceber
é sua natureza
machuca sem querer

por isso quando guardada
na boca nada tenho a temer

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

falaria mais com os olhos
foi pelos meus olhos
que encontrei um novo amor
eles falam mais que a alma
eles falam além da conciência

usaria meus olhos como conselheiro
afinal, tanto poder, deve ser tratato
com sábio respeito

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

não ousaria sequer desejar
meus olhos revelam o que sinto
e ultrapassa um simples desejar
de rituais de final de ano

algo novo
em um novo ano
é não desejar

...







É TROCA DE ANO

é troca de ano
corações apertados
saudades pulsantes
de "eus" nunca existentes
arrependimentos sobre a pele
sonhos que não foram tentados
atitudes guardadas em gavetas
palavras explodem das muitas bocas
muitas desnecessárias, outras premeditadas
porque afinal, é troca de ano
o corpo quer falar
quem não é poeta
rouba as frases de outros descaradamente
quem é poeta perde as próprias ideias
os versos não se unem no papel
se embaralha em poentes e brisas na face

o silêncio é a melhor poesia
no balanço desses 365 dias



sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia de colher

Quantos dias de plantio serão necessários para começar a colheita? E as lágrimas, são necessárias para que as sementes vinguem?
Tenho questionado minha lavoura ou quem sabe tenho só uma hortinha modesta, com pouca plantação e  muita especulação. Mesmo assim questiono a água que de mim jorra e a colheita que não quer encher minhas mãos.
Dizem que é dando que se recebe, que ao estender a mão,  nada deve ser esperado em troca e que tudo que vier é o merecido, o suficiente no momento ou se o que vier é pesado, ainda assim podemos carregar, porque só recebemos o peso (no caso o castigo) que podemos suportar.
E quando nada vem? E quando se planta, se cuida, se ama, se espera, mas nada vem!
Já pensaram que a palavra nada é proprietária de um vazio infinito e de uma insignificância mais infinita ainda?
Normalmente usamos o nada para expressar a falta de algo ou sua inexistência por completo. Posso não ter nada de algo que nem sei o que é, porque nunca tive ou não ter nada de algo que sei o que é e não tenho mais porque perdi, ou porque não quis mais, ou porque acabou e preciso conseguir mais, ou não ter nada por nada! Simplesmente não tenho, porque nunca tive, não conheço e nem sei como é.
Mas o que eu queria mesmo é saber qual é o dia de colher!
Tudo tem seu tempo, ou deveria ter, e esse tempo tem que ter início e fim, por isso se a gente planta em um tempo inicial, deve existir um tempo final de cada plantação para colher-lá.
Ai que tá... eu já acho que estamos plantando e colhendo simultaneamente tudo e não percebemos que o que vivemos já é a colheita. Interessante, não? Estamos tão acostumados a esperar tanto de tudo que não conseguimos pensar que já recebemos, não vemos e pior, não aproveitamos!
E é pensando assim que proponho a cada um olhar o que tem nas mãos, sentir a colheita que vingou e que nos enche as mãos sem percebermos a cada dia. Porque tudo que não é cuidado dia a dia segue o fluxo natural das coisas. E como frutos que não são degustados vão apodrecer, porém nas nossas mãos. Talvez quando for se dar conta da existência da colheita a única coisa que restará para fazer é enterrar. Afinal, nada, do sentido total da palavra, pode ser feito com o que morreu em nossas mãos, além de enterrar e começar uma nova colheita. Agora mais experiente.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Quero a surpresa que só o dia de hoje pode me dar

Chega um momento que parece que a vida é folha branca. Entendo os poetas que tratam a vida como páginas de livros (eu acho que entendo). Como definir melhor um novo dia, a não ser como uma nova página? Uma surpresa!
Belíssima visão teve o poeta que viu a vida como uma folha não escrita. Não sabemos nada do momento seguinte, ele é sempre o novo, mesmo que planos tenham sido feitos, os planos no dia de hoje não tem segurança ou certeza alguma, eles ficam a disposição do eterno futuro a ser desbravado por mim, imposto pelo outro, e que é decepcionante ou quem sabe, surpreendente.
Penso que o tempo, assim como nós, possui uma lixeira. As vezes jogamos no lixo do tempo, que é o passado, ou no lixo da nossa alma, que são nossas más atitudes, os nossos momentos preciosos, fornecidos exclusivamente pela fábrica do hoje.
Nada fazemos, nada criamos, nada amamos. Mas sabemos que não existe alimento sem fome, amanhacer sem escuridão, deixar o egoísmo do eu sem amor.
Não sei nada dos meus amanhãs, zerei meu caderno, folheio páginas brancas, sem compreender seus porquês.
A vida é um devaneio, se eu pensar demais vou enlouquecer de angústia e medo, porque caminhamos em uma estrada sem conhecer o asfalto. Mas se eu me entregar a inércia, vou sofrer de solidão e tristeza, aceitar tudo, conformar-me com o que me dão. Acho que é por isso que o amanhã sempre é mais belo que o hoje, a gente precisa acreditar que o depois é algo "incrível". Afinal a covardia de ser incrível hoje é forte demais.
Vejo as pessoas falando do tempo como cura do universo, de se "desapegar", acostumarem-se com as perdas constantes, as separações geradas do egoísmo de nunca ver o próximo, as mágoas gratuítas ao ser amado, as decepções seguidas de orgulho e mais orgulho. Mesmo estando no chão, acreditam ter as verdades. E como existem verdades! Perder a verdade é como astear a bandeira branca da paz, e paz não tem cor de sangue, então é coisa de mulherzinha, de fracote, de quem busca terapia. Vai se tratar pra encontrar tua paz, vai!
Não sou provida dessas frases populares. Não entendo o que acontece na minha cabeça que acho essa história de ficar querendo dar lição de moral e mostrar aparências de estou "sempre bem" apesar de todo o mal que me fizeram uma idiotice! Não existe mal que me fizeram, ilusão, a gente é livre, o mal é resultado do mal uso da liberdade das escolhas. Não?
Tem vezes que detesto o universo feminino, principalmente porque muitas vezes me vejo afundada dentro dessa hipocrisia de mulher maravilha, acima da dor, acima do amor, acima do ser humano, e o que sou eu? Humana ou um ser de Vênus?
Se eu tenho dor que doa então, que eu chore, que eu grite, que me jogue nos braços de uma amiga, de uma mãe, de um irmão, de um amor. Que eu me jogue nos braços que chegarem mais rápido!
Por um instante viro terrorista e quero mais é que os protocolos se explodão, que as aparências se fodam e que cada um seja livre para sentir e fazer o que quiser.
Não consigo ser da tribo das "mulheres super poderosas".Todo mês minha TPM revela quem eu sou e me reconheço em várias fases. Entre lágrimas e gargalhadas revelo que sou gente e não o rótulo: mulher.




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Dois Pontos

eu:

engordo
emagreço
odeio
adoro
esqueço
sorrio
bufo
perco
venço

adormeço
desfaço
refaço
amanheço
escrevo
apago

reflito, reflexo
encaro, perplexo
calo

eu: