sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Algo Novo em um Novo Ano

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

escolheria desejar algo novo pra 2013
que daqui uns dias será o ano mais recente

neste ano iria aplicar alguns aprendizados
que notei no ano anterior
como falar menos do meu amor
dos meus sentimentos
do que me alegra por dentro

aplicaria esse aprendizado
também no novo trabalho
na nova casa, nos novos contatos

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

escolheria cuidar mais de mim
dividir-me com menos gente
acolher no meu peito
o que de valor me aqueceu
no ano anterior

expondo menos meu valor
o valor do outro
e o valor de ser poeta

a língua é lâmina certa
corta sem perceber
é sua natureza
machuca sem querer

por isso quando guardada
na boca nada tenho a temer

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

falaria mais com os olhos
foi pelos meus olhos
que encontrei um novo amor
eles falam mais que a alma
eles falam além da conciência

usaria meus olhos como conselheiro
afinal, tanto poder, deve ser tratato
com sábio respeito

se eu tivesse que desejar
algo novo
em um ano novo

não ousaria sequer desejar
meus olhos revelam o que sinto
e ultrapassa um simples desejar
de rituais de final de ano

algo novo
em um novo ano
é não desejar

...







É TROCA DE ANO

é troca de ano
corações apertados
saudades pulsantes
de "eus" nunca existentes
arrependimentos sobre a pele
sonhos que não foram tentados
atitudes guardadas em gavetas
palavras explodem das muitas bocas
muitas desnecessárias, outras premeditadas
porque afinal, é troca de ano
o corpo quer falar
quem não é poeta
rouba as frases de outros descaradamente
quem é poeta perde as próprias ideias
os versos não se unem no papel
se embaralha em poentes e brisas na face

o silêncio é a melhor poesia
no balanço desses 365 dias



sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia de colher

Quantos dias de plantio serão necessários para começar a colheita? E as lágrimas, são necessárias para que as sementes vinguem?
Tenho questionado minha lavoura ou quem sabe tenho só uma hortinha modesta, com pouca plantação e  muita especulação. Mesmo assim questiono a água que de mim jorra e a colheita que não quer encher minhas mãos.
Dizem que é dando que se recebe, que ao estender a mão,  nada deve ser esperado em troca e que tudo que vier é o merecido, o suficiente no momento ou se o que vier é pesado, ainda assim podemos carregar, porque só recebemos o peso (no caso o castigo) que podemos suportar.
E quando nada vem? E quando se planta, se cuida, se ama, se espera, mas nada vem!
Já pensaram que a palavra nada é proprietária de um vazio infinito e de uma insignificância mais infinita ainda?
Normalmente usamos o nada para expressar a falta de algo ou sua inexistência por completo. Posso não ter nada de algo que nem sei o que é, porque nunca tive ou não ter nada de algo que sei o que é e não tenho mais porque perdi, ou porque não quis mais, ou porque acabou e preciso conseguir mais, ou não ter nada por nada! Simplesmente não tenho, porque nunca tive, não conheço e nem sei como é.
Mas o que eu queria mesmo é saber qual é o dia de colher!
Tudo tem seu tempo, ou deveria ter, e esse tempo tem que ter início e fim, por isso se a gente planta em um tempo inicial, deve existir um tempo final de cada plantação para colher-lá.
Ai que tá... eu já acho que estamos plantando e colhendo simultaneamente tudo e não percebemos que o que vivemos já é a colheita. Interessante, não? Estamos tão acostumados a esperar tanto de tudo que não conseguimos pensar que já recebemos, não vemos e pior, não aproveitamos!
E é pensando assim que proponho a cada um olhar o que tem nas mãos, sentir a colheita que vingou e que nos enche as mãos sem percebermos a cada dia. Porque tudo que não é cuidado dia a dia segue o fluxo natural das coisas. E como frutos que não são degustados vão apodrecer, porém nas nossas mãos. Talvez quando for se dar conta da existência da colheita a única coisa que restará para fazer é enterrar. Afinal, nada, do sentido total da palavra, pode ser feito com o que morreu em nossas mãos, além de enterrar e começar uma nova colheita. Agora mais experiente.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Quero a surpresa que só o dia de hoje pode me dar

Chega um momento que parece que a vida é folha branca. Entendo os poetas que tratam a vida como páginas de livros (eu acho que entendo). Como definir melhor um novo dia, a não ser como uma nova página? Uma surpresa!
Belíssima visão teve o poeta que viu a vida como uma folha não escrita. Não sabemos nada do momento seguinte, ele é sempre o novo, mesmo que planos tenham sido feitos, os planos no dia de hoje não tem segurança ou certeza alguma, eles ficam a disposição do eterno futuro a ser desbravado por mim, imposto pelo outro, e que é decepcionante ou quem sabe, surpreendente.
Penso que o tempo, assim como nós, possui uma lixeira. As vezes jogamos no lixo do tempo, que é o passado, ou no lixo da nossa alma, que são nossas más atitudes, os nossos momentos preciosos, fornecidos exclusivamente pela fábrica do hoje.
Nada fazemos, nada criamos, nada amamos. Mas sabemos que não existe alimento sem fome, amanhacer sem escuridão, deixar o egoísmo do eu sem amor.
Não sei nada dos meus amanhãs, zerei meu caderno, folheio páginas brancas, sem compreender seus porquês.
A vida é um devaneio, se eu pensar demais vou enlouquecer de angústia e medo, porque caminhamos em uma estrada sem conhecer o asfalto. Mas se eu me entregar a inércia, vou sofrer de solidão e tristeza, aceitar tudo, conformar-me com o que me dão. Acho que é por isso que o amanhã sempre é mais belo que o hoje, a gente precisa acreditar que o depois é algo "incrível". Afinal a covardia de ser incrível hoje é forte demais.
Vejo as pessoas falando do tempo como cura do universo, de se "desapegar", acostumarem-se com as perdas constantes, as separações geradas do egoísmo de nunca ver o próximo, as mágoas gratuítas ao ser amado, as decepções seguidas de orgulho e mais orgulho. Mesmo estando no chão, acreditam ter as verdades. E como existem verdades! Perder a verdade é como astear a bandeira branca da paz, e paz não tem cor de sangue, então é coisa de mulherzinha, de fracote, de quem busca terapia. Vai se tratar pra encontrar tua paz, vai!
Não sou provida dessas frases populares. Não entendo o que acontece na minha cabeça que acho essa história de ficar querendo dar lição de moral e mostrar aparências de estou "sempre bem" apesar de todo o mal que me fizeram uma idiotice! Não existe mal que me fizeram, ilusão, a gente é livre, o mal é resultado do mal uso da liberdade das escolhas. Não?
Tem vezes que detesto o universo feminino, principalmente porque muitas vezes me vejo afundada dentro dessa hipocrisia de mulher maravilha, acima da dor, acima do amor, acima do ser humano, e o que sou eu? Humana ou um ser de Vênus?
Se eu tenho dor que doa então, que eu chore, que eu grite, que me jogue nos braços de uma amiga, de uma mãe, de um irmão, de um amor. Que eu me jogue nos braços que chegarem mais rápido!
Por um instante viro terrorista e quero mais é que os protocolos se explodão, que as aparências se fodam e que cada um seja livre para sentir e fazer o que quiser.
Não consigo ser da tribo das "mulheres super poderosas".Todo mês minha TPM revela quem eu sou e me reconheço em várias fases. Entre lágrimas e gargalhadas revelo que sou gente e não o rótulo: mulher.




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Dois Pontos

eu:

engordo
emagreço
odeio
adoro
esqueço
sorrio
bufo
perco
venço

adormeço
desfaço
refaço
amanheço
escrevo
apago

reflito, reflexo
encaro, perplexo
calo

eu:

sábado, 24 de novembro de 2012

Mudanças

talvez eu não tenha os versos certos
que componham o ritmo desse coração

tenho a noite, a chuva fina
o vento levemente frio que gela meus pés
nessa primeira noite da minha nova solidão

estar sozinha é hábito antigo
os inícios dolorosamente são sós
os fins também, por mais otimistas que possam ser
ainda são sós

a solidão sempre assusta
lembra melancolia, medo
e lembra que é a própria solidão

a menina dura se vê muda
o único parceiro de prosa
é o soluço que quebra o silêncio noturno
ou as torneiras que pingam e os móveis que estalam

a casa ficou revirada, os móveis estão trocando de lugar
não mais aqui voltarão, não, não
um ciclo encerra com o lacrar das caixas
o burburinho dos nós dos sacos plásticos
a porta que será fechada em breve
guardará o vazio de fragmentos de tempos
vivos agora só em memórias, em marcas nas paredes
no sopro da brisa que transita entre os cômodos
e entre as frestas abertas pelos cupins

não sei o que tem do outro lado da porta
descendo as escadas, seguindo a avenida
depois do trem, do portão grandão, da nova porta lacrada

eu apenas irei, mas o medo agora mora em mim
sou muro úmido, cinza, invisível, solúvel
me chamo "não sei"







segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Coração


e
quando
chegar
o
amor

a
palavra
cala

os
olhos
pulsam

o
gesto
fala

e o coração
troca o peito

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Te procurei

no meu diário
dentro do porta retrato
em cima da estante

fichário, armário, cabeçalho
saco plástico, porta-luvas do carro
bolso do casado, das calças, da abertura interna da bolsa
no celular, no dicionário atualizado
na caixa de sapatos, agasalho dobrado
ar-condicionado, estacionamento, livro mofado
macarrão ao molho pardo, televisor, computador
no papel rascunho amassado, poesia não iniciada
na fresta da janela que dá pro pátio
no peito, na boca, embaixo do braço
na unha, na coxa, na nuca, no beijo molhado
no fundo do mar, no topo da árvore, no meu lado

procurei você como um louco desesperado
mesmo assim, não te encontrei
 
ah, mas que cabeça tola essa minha
procurar por algo que nunca foi guardado





Abaixo!

abaixo as teorias
as frases de efeito
os corações partidos ao meio

abaixo a covardia
ao orgulho egoísta
ao preconceito de dar o direto

abaixo as velhas experiências
que engessam o presente
e atrasam a felicidade

abaixo a utopia que me guia!

queria mesmo
era ser um abaixo-assinado

Abaixo!

Amor Lápis de cor

eu sei
que todo amor
é lápis de múltiplas cores
arco-íris de um céu sem fim

eu sei
que a chuva é necessária
não apenas para lavar as dores
mas para evidênciar as cores
colocar a prova a intensidade
do amor-cor que habita ali

eu sei
que se todos os dias fossem belos e ensolarados
nossa! como seria chato e falso

as luzes esconderiam os segredos
que aparecem quando o céu está acinzentado
permitindo exibir o lado sombrio
que todo ser guarda a sete chaves
e que somente quando conhece o amor-cor
compreende que a felicidade não combina
com trancas, restrições ou cadeados

eu sei
que sobreviver aos temporais
é uma arte para um coração ávido
pois as lágrimas da chuva
afugentam os sentimentos
parecidos com o amor

já aqueles que possuem uma profundidade
fundida de múltiplas cores
são capazes de não escorrerem
água abaixo em dias ruins
então em turvas águas se fortalecem

os corações dos sábios enamorados
se unem ao invés de duelarem suas mágoas
e contemplam de corpos entrelaçados
o céu com suas diferentes paisagens

mas o que eu mais sei e não sei se você sabe
é que nada se sabe quando se envolve:
amor, céu e profundidade

nesse mundo de arco-íris artificiais
pintados por lápis de cores quebrados
o raso, o ralo e o básico
ganham cada vez mais espaço

são raras as pinturas duráveis
que transmitam a alma do autor












sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Da Rocha ao Equilíbrio

a tantas ofensas
furia e mágoa
qual será o motivo
desses olhos secos
vidrados como máquina

onde está a doçura
do coração amado
foi colocada em
que parte da sua face

por um instante
pense sem revidar
que a leveza do seu ser
encontrará na mente
as respostas pro seu bem estar



Fria e Calculada

há muita gente nessa reunião de fadas
com suas meiguices e afagos
vestem-se essa gente tão virtuosa

todos vivem em toda parte
doces criaturas encantadas
não magoam, não falam alto
não gorjeiam, não olham atravessado

procuram-se alegres, sempre animados
querem dividir  a gentileza
a destreza de suas almas empáticas
que não toleram fala seca ou áspera
são contagiantes peregrinos da vida mágica

oposta a eles
sento eu

não sou
nem muito doce
nem pouco amarga
há vezes cuspo osso
outras farpas

perco-me olhando os risinhos de simpatia exagerada
lamento não rir como eles, queria achar tanta graça

é tanto lambuzo que repuno da cena presenciada
seria eu um casulo ou uma rocha mal-amada?

conforto-me ao pensar na frágil Cecília falando sobre pedras
volto a confiar em mim e no tempo que reformula
as águas que nascem e morrem paradas e geladas
sem deixarem um instante a transparência de serem águas

digo confiando em mim e não nas fadas
"mesmo as pedras com o tempo mudam"
nem sempre serei só tábua

domingo, 4 de novembro de 2012

Carta a uma Mãe

abraço-me ao livro que leio
como gostaria de entrelaçar
meus braços em tua sabedoria

beijo com fervura as palavras
escorrendo em meus olhos 
gotas de paz que só encontraria em ti

quando sinto tua ausência
é a presença fazendo-se lembrar
de um tempo perdido
em que teus braços eram o único abrigo 
que eu queria por longo tempo repousar

sei que está longe do meu toque
talvez nunca compreenda
porquê desfis-me de teu ninho
mais cedo que o previsto
excluindo-me do universo 
que me incluiu

sei que não saí para um casamento
nem para viver um grande amor
ou para aventurar-me em tolices 
que minha idade sugeria
mas não, não foi por isso que parti

talvez nunca encontremos
o motivo real desse tempo que nos desuniu
os porquês dessa distância
que se cravou em nós

talvez os sentimentos se misturem
com lembranças de um ontem
que o presente amorteceu

talvez não veja muito do que ensinaste
como minha ideologia atual
ou nos passos que avanço solitária de teu colo
e que nunca te convenças ao ver o que me tornei
que os melhores caminhos construíste no meu peito
justo quando caminhei tão distante do teu

talvez essa conversa tenha um fim não escrito
porém apenas lhe digo querida mamãe
que nunca haverá amor maior que o teu 




quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Conversa Série

veja bem

o problema não é você
o problema não sou eu

o problema é um penetra

o problema do problema
foi não ter sido convidado
erro grave cometido nos inícios
de todos quando estão apaixonados

mas agora olhando para ele
o problema é tão adorável

ele é um parceiro
um amigo diário
ele não reclama
ele não impõe condições
ele não cobra horários

tenho que bater continência
o problema é adimirável

o problema se é ignorado
não desiste, não fica bravo
não dorme no sofá, nem fica acordado

o problema se desafiado
fica mais forte
torna-se necessário

ah esse problema
que resistência a tudo
um eterno obstinado

mesmo sem ser convidado
tem lugar cativo, é ativo
está sempre alerta
um verdadeiro guerreiro armado

então

o problema não é você
o problema não sou eu

que essa parte do problema
fique bem claro










terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eu sou mais bonita na foto do que pessoalmente

Pois é, descobri recentemente que sou mais bonita na foto do que pessoalmente no espelho.
Adoro tirar fotos. Hábito que pratico desde que apareceram com um flash na minha frente. Aos nove anos ganhei minha primeira câmera fotográfica. Nossa fiz muitos books meus com ela. Até parede de casa vazio era cenário para pose.
Uma vez tirei trinta e seis fotos com uma amiga, a Lidiane, em uma só noite.
Enfim, ter ficado mais grandinha, não matou essa paixão de contemplar meu semblante através de uma imagem. O que mudou foi a foto. Antes eu carteava papéis com tamanhos exatos, agora eu clico em um botão e avanço até chegar na mesma foto que iniciei a olhar. Se eu gostar muito da imagem, recorto ela no computador, faço efeitos, mudo de cores, brinco de editora de catálogo de moda.
Isso não tem muito a ver com o que me fez pensar no assunto.
É que ultimamente andei olhando fotos antigas e até mais recentes e vi uma certa falsidade na imagem imóvel e congelada.
Claro que sou eu. São meus olhos, minha boca, meus cabelos, meu sorriso e até meu corpo (esse é o que mais demonstra falsidade), mas se eu pegar uma câmera agora, a foto que sairia poderia colocar em dúvida se realmente somos a mesma pessoa.
Vou chamar isso de realidade extrema. É isso, essa cara que escreve agora é minha realidade extrema. Estou de roupa de andar em casa, sem maquiagem alguma, com o cabelo desalinhado e com uma certa gripe.
As fotografias não são tiradas para mostrar isso, por isso que a gente costuma dizer que vai se arrumar para tirar foto. A gente se prepara antes para registrar uma versão arrumada da nossa imagem (isso cabe bem para mulheres) porquê não adimitimos nos revelarmos como nossa realidade extrema se apresenta. Imagine, cílios minúsculos sem rímel, seria inaceitável!
No fim são centenas de imagens agradáveis e nenhuma da verdade, ou você tiraria uma foto quando acorda e colocaria em uma rede social?
É, não só as fotos revelam a nossa utopia física, elas fazem pensar que o tempo inteiro, sem percebermos ou planejarmos, nos arrumamos para o mundo. Acho que é por isso que as pessoas se enganam tanto.
Nem todo mundo aguenta ser a foto o tempo inteiro e nem todo mundo que a gente conhece está interessado em ver como é antes de se arrumar pra foto.
Posso dizer que o elogio mais sincero é a do apaixonado dizendo como eu sou linda acordando ou enquanto choro e que a maior prova de intimidade para uma mulher com alguém é conseguir abrir a porta de casa do jeito que estava. Afinal somos tão articulados em esconder nossa realidade extrema que não revelamos ela para qualquer amigo ou amor, as vezes forjamos até a aparência de ficar em casa.

Não é fácil encarar o espelho com a cara limpa, quem dirá o resto. Tem que ter coragem e um kit básico para fotografia. Principalmente as fotos sem câmeras diárias!


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O que está por vir!

restam-me agora todos os dias
encobertos pelo crepúsculo
protegidos pelas noites escuras

resta-me agora toda a vida pela frente
regrada de boa saúde mental
desconhecida de suas novidades banais

restam-me agora todas as viagens que eu queira realizar
sejam elas para países diferentes do oriente
sejam elas pro interior fascinante que é a mente

resta-me agora toda a inveja por mim ignorada
das pessoas mal amadas por si mesmas
e também daquelas solitárias que observam-me anônimas

resta-me agora o prazer dos verões quentes
das primaveras que serão florescentes
e dos invernos frios que unem as amizades

restam-me agora os amigos que ficarão após o furacão
aqueles pelo qual o meu mau humor, mau hálito e fracasso
seguirão ainda comigo mais apaixonados e loucos
sem sequer piscarem ou pensarem em desistir 

resta-me agora um futuro inteiro de amor ainda não descoberto
aguardando em silêncio e mistérios
a bendita hora de se perder por mim

É o que me resta!








terça-feira, 25 de setembro de 2012

Longe de ti

ah essa dor que rasga
essa dor que queima
essa dor que me parte em várias

como diz o poeta, só quem
sente dor pode entendê-la

a dor que sangra
que entristece
que me afasta de ti

é a dor da saudade

da pele, do toque
do teu corpo no meu
do teu olhar em desafio

é a dor de ter diversos travesseiros macios
e nenhum conforto longe de ti



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Palavras de Motivação

Vejo tantas pessoas a nossa volta falando nas motivações sobre a coragem, iniciativa e atitude. E no entanto quantas delas possuem esses itens em suas vidas, quantas delas apenas os citam em seus discursos "furados", sem ao menos compreender o significado de alguma dessas palavras que levam aos ouvidos a sensação da adrenalina ao imaginá-las em ação.

Quando ouço essas palavras meu pensamento se remete ao auto-conhecimento do ser. Não vejo razão para termos coragem, iniciativa e atitude se não soubermos como aplicá-las de forma coerente ao que realmente buscamos em nossa existência.

O fato é que essas três palavras não são sinônimos de sucesso, tão pouco de coisas boas. Elas se enquandram em ambos os lados da força, sendo razões de muitos resultados em si.

No noticiário, fulano teve coragem para atirar-se de uma ponte impedindo a continuação de sua vida, ciclano possuiu a iniciativa de comprar a arma para matar seu desafeto e todos a atitude de executar seus pensamentos perversos.

Escrevo sobre isso para ter uma percepção do que antencede o além da ação que nos move aos resultados. Elas podem ser facilmente confundidas dependendo de quem as faz para o bem ou para o mau. O que vem antes no entanto é o indivíduo e suas limitações, construidas pelo ambiente sócio-cultural que foi imposto ou opcional crescer, quais os principios que enraizaram-se em sua identidade e qual a importância que este dá ou não para a coragem, iniciativa ou atitude.

De nada agrega discursos motivacionais, se o próprio eu é o maior desconhecido do ouvinte da motivação.




sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Tempo Sorrateiro

não escolhi o amor
que carrego nesse peito
por ti entregaria a vida
lhe concederia todos os
desejos

não planejei amá-lo
quando o encontrei
nem ao menos
lhe conheci

o tempo sorrateiro
fez você morar
em meus desejos

hoje mesmo
sem vê-lo
o amo
em silêncio

e segredo


Mais uma vez

se pudesse
te teria em meus braços
só para tê-lo ligado a mim
mais uma vez

se pudesse
te abraçaria apertado
e em meio a afagos
falaria que o amo
antes de lhe pertencer

se pudesse
mudaria o passado
lhe teria ao meu lado
pagaria pra ver



Escuridão

busco palavras
no cair da noite
dentro do escurecer

um dicionário
um dialeto
um novo mistério
quem sabe alfabético
para quem sabe
enfim
dentro dele
me reconhecer

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Poema direto

se eu não te amasse

eu:

xingava
chorava
gritava
saltava
calava
bufava
clamava
rasgava
pintava
quebrava

dizendo ser
em nome
de tanta
paixão

mas como eu te amo

eu:

xingo
choro
grito
salto
calo
bufo
clamo
rasgo
pinto
quebro

tudo ao mesmo tempo
em forma de verso
mantendo a beleza
de um poema direto
sobre amor e paixão

Economia

queria amá-lo menos
e amar-me mais

assim economizaria lágrimas
toda vez que você se vai

Amor profundo

quando eu entrar na tua mente
invadir o teu raciocínio lógico
interagir com teus neurônios
fazer amizade com tuas conecções nervosas
teu inconciente ciente, demente, inteligente

então
eu penetrarei nas tuas entranhas
transitarei por teus tímpanos
olharei pelas tuas córneas
salivarei pela tua língua
andarei pelo teu fêmur
pisarei com os teus calcanhares
mastigarei com os teus molares
sorrirei com tuas duas faces

e enfim
quando por tudo em ti já me pertencer
habitarei em teu vermelho viscoso
cheio de artérias, veias e ideias
sangrento e nobre coração
em silêncio, quase muda
para não interromper as batidas
descompassadas do nosso amor
profundo

Mais um querer

quero o doce dos seus lábios
a acariciar os meus já cerrados
após o desabafo demasiado
de mil motivos sem motivos
que parecem não ter fim

quero a malícia muda
do seu olhar inquisidor
em combate com os meus
olhos de clemência
que perante a sua presença
transbordam de vontade
de repetir sim e sim

quero a sua pele descoberta
nessa sua temperatura
que quase sempre acerta
fazendo ebolição com
o ritmo cardiaco
que pulsa no coração
que queima por ti

quero aproveitar a realidade
que é perdida em tantas bobagens
que não me deixam viver de verdade
esse amor que cresce em mim










sábado, 1 de setembro de 2012

Já é tarde

já é tarde
a noite queima a vida
que ardia por aqui

o escuro esconde
os suspiros de saudade
as lágrimas das imagens
que assombram a mente
toda vez que a luz se vai

já é tarde
os olhos marejados
buscam descanso
no travesseiro macio
das memórias descartáveis
de um tempo encantador

a poesia não tem mais nome
os versos não rimam com as cores
adormecer tornou-se o melhor prazer

afinal, já é tarde

sábado, 11 de agosto de 2012

Pai

deixa-me dizer em versos
o que por muito tempo
tenho guardado aqui

permita-me expressar
o amor incondicional
que imensamente sinto por ti

deixa-me confessar que
és meu símbolo de liderança
veio de ti minha auto-confiança
e essa voz de raio e trovão

permita-me lembrar
as muitas noites que ficaste em claro
as longas conversas que criaste
para ensinar-me
que a vida não seria fácil
que aquele momento passaria
mas aquelas palavras suas
para sempre me aconselhariam

deixa-me no dia de hoje
fazer-te um ser incomum
um herói sem uniforme
um humano que é todo coração

então entederás
que para mim
muito mais
que hoje é teu dia
o teu dia nunca tem fim

teus são todos os dias de minha vida

do amanhecer ao adormecer
por ti um novo amor
sentirei




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Doce Saudade

na boca invade
o calor suave
trazido do peito

nos lábios
belo e doce cenário

mordidas
suspiros
delícias
doçuras
anseios

é a saudade rasteira
chegando em silêncio

querendo seus beijos








 

sábado, 4 de agosto de 2012

Inimigas

ela possui um poder
que jamais terei
é dotada de um
caráter chantagista
cultivado por ser
egoísta na arte
de querer ter
sempre realizado
o seu fabuloso
teatro, que carece
de um vencer sem fim

o fim carrega
um peso de passado
misturado com sonhos
frustrados nunca
idealizados quando
pode, enfim

ela possui uma magia
mais branca do que negra
pura energia fria
de entristecer ao outro
por ser tão ruim

o ruim vem sem maldade
foi construido pela falta
de coragem, ilusões
de realidade que a faz
viver presa em liberdade
por não aceitar ser assim

ela possui segredos e viagens
histórias com paisagens
lágrimas e gargalhadas
mágoas mal guardadas
felicidades não completadas

ela possui no intimo dela
um desejo de comer meu rim

mas nenhum mal desejo a ela

apenas que evoluia
já que pensa tanto
em mim











 



Verso

na
delicadeza
de
um
poema
traduz
o
universo

na
sutileza
de
ser
inverso
é
fome
sede
arrepio
versos

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O inseguro

O inseguro
se torna
"burro"
na arte
de
perceber.

O inseguro
é consequência
do próprio

desconhecer.


domingo, 1 de julho de 2012

Sem fim

vem e toca
com a língua
a vontade reprimida
de incitar-me
loucas fantasias

docemente
como o poente
fico em brasa
no cio

é o ardor
eloquente
que provém
de teu símbolo
viril
que me enche
brutamente
transbordando
o que era seco e vazio

quando ao fundo me sente
pertenço a avidez
do teu prazer
que antes ausente
desconhecia
de mim

e diante de teu gosto
sacio-me em gozo

o presente é uma
vertente que goteja
dois universos ungidos
por um querer sem fim




sábado, 30 de junho de 2012

Impulso

o impulso
deve vir
de um lugar
bem escuro

a clareza
das ideiais
não permitiria
as consequências
de seus absurdos




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Insegurança



é querer
segurar forte
prender firme
não soltar
nunca mais

e mesmo assim
sentir que o vazio
ainda enche
suas mãos

insegurança
é a sinópse fictícia
do excesso
de imaginação
em vão

Instrumento Humano

quero compor-me na
canção mais bonita

ser inspiração precisa
de melodias
enlouquecidas
nunca escritas por ti

ser acorde
solfejo, arranjo
teu único e
maior desejo

então
quando feliz em um ensejo
você faria uma apresentação exclusiva 

usando como instrumento
apenas a mim

seus dedos deslizariam minha pele
dedilhando-me as curvas
da mesma forma amena e bruta
que vorazmente sua guitarra o tem
quando por ela você está afim






Sem Exagero

já é tarde
os olhos pesam

há dias que dormir
tornou-se um tédio
pensar em você
cura mais que
qualquer remédio

a solidão
é coisa
de velho
interno

preciso me cuidar
com esses exageros
amor de mais
causa desespero
falta de vida própria
redução de peso

ou não.




domingo, 24 de junho de 2012

Possibilidades


poderia acariciá-lo com palavras
despí-lo com adjetivos
inibí-lo com predicados

poderia traduzí-lo em cifras
criar teu dicionário em libras

poderia deixar os versos de lado
as rimas adormecidas
a poesia sem vida

poderia ao seu lado
ser possibilidades infinitas







segunda-feira, 18 de junho de 2012

Mutante

o
essencial
deixa
de
ser
interessante
quando
a
nossa
mudança
se
torna
constante

sábado, 9 de junho de 2012

O Mundo pelo seu Olhar


olhar nos seus olhos
é perder-me
em um mar castanho

seus olhos
são vidros
a reluzir
o seu mundo

nos meus

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Homem Fora de Série

meu amor é um homem que não sabia que existia
tampouco que me habitaria

meu amor é um homem que não possui cavalo branco
não veste armadura de ferro, não duela versos

meu amor é um homem fora de moda
fora do sério, fora de série
e dentro de mim

meu amor é um bem durável
vem com sentimento reciclável
argumento palpável de me fazer dizer sim

meu amor é boca quente, olhar serpente
céu sem fim

meu amor é todo meu
e o que é meu
não é de mais ninguém

além de mim

domingo, 3 de junho de 2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

SAUDADE


se eu disser
toda vez
que sentir

acabarei
com os minutos
do mundo

vontade
de te ver
é uma
constante
em mim

Versões do (im)Possível


o impossível existiu
de mãos dadas
com meu ser

te encontrei:

o possível
passou a
me pertencer
________________

o impossível
existiu
até
esbarrar você

te toquei:

o possível
passou a
me pertencer

sexta-feira, 25 de maio de 2012

caminho na direção que seus pés não alcançam
entre mentiras e verdades penetro meu corpo
com sensatez, honestidade

essa luta que faz
fazermos amor profundo de indiferença
é luta passageira

a dignidade oculta
em meu seio
segrega o desejo
quer a liberdade vindoura

meus olhos projetam o velho amor
minhas mãos tateiam o vazio que se abre
o abraço que não estala
os olhos que se desviam

ao fim não haverá lamento, solidão
fins são providos de sabedoria
mudança, reflexão

estendo minha mão em direção ao horizonte
todas as expectativas virão de lá

sábado, 12 de maio de 2012

" M ã e "


carrega em tua essência
o poderoso néctar
criador de vida

possui em teu peito
a morada da paz

é dona de abrigos sem riscos
construídos no interior de teus sorrisos
arquitetados para tudo suportar

teu carinho é o silêncio das palavras
tua sabedoria faz pequeno o ato do  falar

do coração sai o poder da renovação
remédio secreto,  sem bula
mas que tudo cura
com teu nobre gesto de sempre amar

não teme bicho papão
vence tudo sem usar a força
é brisa, é gota a gota

roseira que nunca morre
página colorida da vida
amor, sem justificativas
minha musa, eterna heroína

terça-feira, 8 de maio de 2012

CLASSIFICADOS



de um lado da escada
a menina aguarda
o rapaz desconhecido

de braços abertos
acena ao estranho
com um leve sorriso
 mostrando o livre caminho
de seu peito vazio

do outro lado da escada
o rapaz atrapalhado avista uma moça risonha
 ao olhar seu abraço vazio
entende o local do "aluga-se" do classificado
 a mensagem está nos braços levantados
que gritam um recado:

 “a vaga do anúncio é para este espaço vago”

terça-feira, 1 de maio de 2012

Radiografia


na sala do exame uma máquina milagrosa
dizia o doutor que saberíamos o que eu tinha
no revelar de fotografias enigmáticas

entrei na máquina fotográfica
retratos tiraram de dentro de mim
curiosa esperei os resultados
queria saber o que tinha guardado

momentos seguintes
radiografias encheram minhas mãos
naquelas figuras
tornei-me ossos, desenhos sincronizados
nada havia de belo ou encantado
naquele interior registrado

decepcionada com a máquina
entendi seu sábio recado
daquele raio x em diante
meu interior tornou-se
privado

sábado, 21 de abril de 2012

Poesia de Dentes


alegria
de
domingo

ver
meninas
poemando
com
versos
de
sorrisos

Odalisca


descubriu
dentro
do
ventre

a dança
que conduz
sua mente

Rio


minha mente
antes fértil
não cria nada

vertente de rio

hoje pálida
água parada

sábado, 14 de abril de 2012

Ceifar

a
poesia
ceia
à vida
que
ceifa
em
mim

Caça ao Tesouro

os beijos que reserva
quero todos degustar

teus olhos
escondem segredos

que os meus
querem desvendar

Transição de sentimentos

o que era curtição
hoje veio assustar

de ti quero beijos
meu universo
passou a te procurar

Descoberta

te amo em segredo
não sei me contar

em
teus
olhos
sinto
desejo

no teu mar, navegar

domingo, 8 de abril de 2012

Ansiedade

na
ânsia
por
teu
gozo
sacio-me
com
teu
gosto

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sinta-se

desnuda teus anseios retirando de ti
qualquer veste mascarada
que preencha tua mente
inibindo-te

permita tocar-se com mãos
descobertas de luxúria
hipocrisia imunda
que viera a pertencer
em tempos de perdição
roubando-te a pureza
guardada precariamente
no escuro bruto
do silêncio dos sentidos
que nús
revelam-se
aos ouvidos

quarta-feira, 28 de março de 2012

Pausa

na correria
passo
meu dia

paro
sento
corro o mouse
na tela do
computador

leio seu nome

nos lábios
um sorriso
me denuncia

segunda-feira, 26 de março de 2012

Disfarce

quando você passa
finjo cara de mau

disfarçando
a doçura que
transborda
do olhar
que ao te ver

vira mel

sábado, 24 de março de 2012

Alma

o brilho dos seus olhos
revelam a luz de sua alma

perco-me dentro deles
encontro-me ao tocá-la

Equilíbrio

sentada na varanda
admirava o além
os olhos mostravam
imagens sonhadas
em outras datas

a brisa lentamente
trazia o prazer
de sua corrente
onde os pés
firmes no chão
flutuavam
em sua frente

não havia problemas
não havia não
na conexão do
coração e a mente
as boas escolhas
vertiam tranquilamente
na altitude da razão

Degustação Humana

queria te provar
lamber suas maçãs
vermelhinhas

minha língua
muito tímida

te degusta
em poesia

Embriaguez Poética

embriagada solto as armas
adquiridas no decorrer
dos conflitos vividos

a face alivia as linhas
das multi expressões
refletidas e cometidas

as mãos sem propósito
desenham no vento
forma nenhuma
torneiam com os dedos
o que manda o pensamento

embriagada de poesia
não existem tormentos
tudo é alento
carinho, fantasia

o corpo sem movimento
dança mil melodias

as letras que brilham
são almas coloridas

Regras

não quero
ser exceção

ser a regra
está bom

Bom Humor

ou
vem com
ou
nem vem

quarta-feira, 21 de março de 2012

Amostragem

pego uma amostragem
faço o teste
da probabilidade

preciso ter certeza

comprovação
de verdade

as exatas confortam
com a precisão

o que o ser não
comporta
é a surpresa
da revelação

nas entrelinhas
o resultado da
pesquisa avisa:

neste frasco frágil
vive um delicado
coração

seu alimento é fácil,

- mas atenção!

precisa de constantes
pesquisas
e doses diárias
de dedicação

Fada Noturna

encantada
viro fada
com varinha
e purpurina

atravesso a rodovia
faço turismo
lirismo
acrobacia

atendo pedidos
faço jus ao oficio
encantada e mágica
revelo os brilhos
de ser fada

desastrada
erro as travessuras
corto o amor
em fatias brutas

distribuo gula e fome
agrado ao homem
e ao lobisomem

na mesma dose
os enfeitiço

confusa surto
tiro a roupa
lavo o gliter
esfrego-me
com dedicação

alienada

escondo a varinha
no escuro, embaixo
do móvel pesado
e sujo

sem chance de tirá-la
para algum agrado
esqueço ela
e que sou fada

cubro-me de pudor
pulo dentro da utopia

ser humana
é minha melhor

fantasia.

Não quero nada

vem com ar de superioridade
contar vantagens
relatar as conquistas
que recentemente
concebeu

invande sem piedade
meu silêncio
minha tranquilidade

sem credibilidade
indefeso
apela pro contexto amizade

quer recuperar
de alguma forma
o que foi seu

olho-te com serenidade
repenso para não falar bobagem
lembro as sacanagens
e desvantagens
que comigo cometeu

viro-me em retirada
sem sentir-me enojada
constato agraciada

de ti não quero nada
essa porta está trancada

domingo, 18 de março de 2012

Sangria

ao longe carregas contigo
um segredo meu

com o tempo flutua perverso
entre os versos maléficos
do avesso que sou eu

nas mãos a sangria cura
a alma remendada
de retalhos mal costurados

receita da teimosia
que a medicina impura
prescreveu como magia

ao longe contempla
o que não é teu
desconhece a nascente vertente
do amor que não recebeu
por ter escolhido
ser de mim

ateu

sexta-feira, 16 de março de 2012

Enlace

enlaça com teus traços
os fios de aço
que torneiam o laço
do ato de ter no abraço

o prazer de  reter
você

segunda-feira, 12 de março de 2012

Teu olhar

no cair das entrelas
embaralho o brilho
do olhar
que escureceu

Disfarce Infantil

não sei falar desse amar
é silêncio solene
disfarce infantil
dois adolescentes

não sei falar sobre amar
perdi as palavras
quando o tempo flutuou
e te levou

seu amor calou
não me esperou
você se apressou

não sei falar do meu amor
não sei, tentei

o que é amor?

Quero

quero suas mãos em mim
quero sua boca na minha
quero seu olhar em desafio
quero o arrepio do frio
quero o teu calar no meu falar
quero o suspirar sem explicar

quero
e não
basta

domingo, 11 de março de 2012

Amor a Distância

na cintura envolve-me
com tuas suaves mãos virtuais
dilacerando meu vestido comprido
trazendo ao encontro
o prestígio de estar contigo

a distância é ocasião ignorada
sentir o toque transcende
a presença não velada

estás aqui tão ausente
quanto a foto enviada

querer-te ao meu tato
traz valor aos sonhos
tecidos no imaginário

somos um do outro
o amor idealizado
mesmo estando hoje
cada um
de um lado

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dedos e Desejos

no calar dos
seus lábios
sinto o gritar
dos seus dedos

desejam meu corpo
desvendam segredos

sexta-feira, 2 de março de 2012

Delírios dos Contentes

diante
a alegria
de estar
contente

cerra os lábios
esconde os dentes

a inveja
passa longe
de sorriso inexistente

dentro da boca
estala um brinde

é a língua comemorando
o escuro do ambiente

De Quinta Categoria


finges tanto
que confunde
realidade com
encenação

tolice machista
dramaturgia não
é brinquedo de
orgulho ferido
baboseiras de dramalhão

teus impulsos ciganos
fazem acampamentos
dentro de ti e nem sentes
mexem com o que
planejou executar
com perfeição
nessa sua peça de teatro
com platéia desacordada

cego nem percebes
que faz gestos amáveis
lança flores vermelhas
nas horas mais prováveis
escorrendo fluídos
frutos da paixão que te arde
mesmo sem ter vencido
o desastre da tua falta
de percepção

em pleno ofício
no papel de impenetrável
te entregas
com desastrados deslizes afáveis
sem palmas e sem bis 
interpreta o pior dos papéis

- ator de quinta categoria

Máscara

sua tristeza é tão mediocre
infundada de competências
ausente de compaixão

lamentas tua vida
como se fosse exclusiva
sentir solidão

culpa as más decisões
avalia os outros com
exatidão e certezas de
suas contribuições derrotistas
culpados pela incompetência
que se tornou tua vida

meros seres podres
incapazes de produzir
felicidade
destruidores de lares
e felicidades perpétuas

no cair da noite
a sombra faz contraste
tua máscara revela
o espelho do teu coração
mentiroso e sem perdão

vês com olhos incrédulos
quem és sem justificativas
sem desculpas covardes

nega ao encarar sua imagem
a ilusão da máscara que invade
devido o absurdo de sua enganação

não existe
roupagem
máscara
maquiagem
desfarce
trairagem
sabotagem
macumba

és aquilo que reflete
na insignificância
do reflexo que devolve
à carne sua existência
quando toca em seu
rosto com as duas mãos

a realidade assusta
devasta com dentes e unhas compridas
sua proteção de alienação

não és ignorante de ti
pois se quer se ver em um espelho
é porquê te dás valor

na cegueira do ser
diante da face escondida
na luz que penetra e revela as
feridas provocadas por ti mesmo
lava em ti tuas próprias mãos

FESTA

nada tenho
a oferecer
mas sei
fazer amor
e dar
muito
prazer

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ciência


uma ideia

. diversão.

em nome da
ciência
entreguei-me
em suas mãos
como mero
experimento de
manipulação

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Opostos

EU - luto pra te encontrar

&

VOCÊ - sem esforço me perde


Jogo dos Sentidos

respiro fundo

um
novo
gosto
chega
em
meus
ouvidos

dentro da boca
explode invasão
musical

o cheiro
de vida nova
entorpece
meus olhos

toco-me
como
se fosse
a primeira
vez

Amor Verdadeiro

que
cada
ser
prove
um
amor
verdadeiramente
livre
em
sua vida:

o próprio.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Chegará o dia

chegará o dia
em que voltará
como sempre fez

na ponta dos pés
sem produzir ruído
algum

encontrará meu telefone
na sua lista de contatos
buscará meu nome
no computador
cruzará próximo
ao meu endereço

como sempre fez
você lembrará de mim
sentirá vontade de me ver
desejará o gosto do meu corpo

como o velho amigo
como o único amor
como o dono de todas as chaves
como o executor da minha solidão

chegará o dia
que eu vencerei o sim
que o amor por mim
gritará como se fosse sua morte
que todo meu corpo
suplicará piedade
que minhas entranhas amarrarão
meu inverso
que o coração sairá de cena
e se esconderá em um local
de inverno

chegará esse dia
em que não mais
estarei aqui pra ti

che
ga

Verbo In Verso

conjugando verbos
conjuguei a vida
feito os versos
os leio sem tempo certo
apenas os leio

e os julgo

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Surpresa

aberta
a
caixinha

dentro
a
supresa
se
escondeu

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Medo



o
medo
mói
a
mente

que

doente
mói
a
gente

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Melodia

coração sozinho
toca uma música
no interior
de seu jardim

não entendo
a melodia
que antecede
ao seu fim

escuto atentamente
repetidas vezes

o cérebro miúdo
não decifra confuso
as notas exclusivas
que descrevem
a mim

Desisto

sem
proteção
te sigo

ao ver-te
em  outra
direção

desisto