domingo, 4 de novembro de 2012

Carta a uma Mãe

abraço-me ao livro que leio
como gostaria de entrelaçar
meus braços em tua sabedoria

beijo com fervura as palavras
escorrendo em meus olhos 
gotas de paz que só encontraria em ti

quando sinto tua ausência
é a presença fazendo-se lembrar
de um tempo perdido
em que teus braços eram o único abrigo 
que eu queria por longo tempo repousar

sei que está longe do meu toque
talvez nunca compreenda
porquê desfis-me de teu ninho
mais cedo que o previsto
excluindo-me do universo 
que me incluiu

sei que não saí para um casamento
nem para viver um grande amor
ou para aventurar-me em tolices 
que minha idade sugeria
mas não, não foi por isso que parti

talvez nunca encontremos
o motivo real desse tempo que nos desuniu
os porquês dessa distância
que se cravou em nós

talvez os sentimentos se misturem
com lembranças de um ontem
que o presente amorteceu

talvez não veja muito do que ensinaste
como minha ideologia atual
ou nos passos que avanço solitária de teu colo
e que nunca te convenças ao ver o que me tornei
que os melhores caminhos construíste no meu peito
justo quando caminhei tão distante do teu

talvez essa conversa tenha um fim não escrito
porém apenas lhe digo querida mamãe
que nunca haverá amor maior que o teu 




Nenhum comentário:

Postar um comentário