com suas meiguices e afagos
vestem-se essa gente tão virtuosa
todos vivem em toda parte
doces criaturas encantadas
não magoam, não falam alto
não gorjeiam, não olham atravessado
procuram-se alegres, sempre animados
querem dividir a gentileza
a destreza de suas almas empáticas
que não toleram fala seca ou áspera
são contagiantes peregrinos da vida mágica
oposta a eles
sento eu
não sou
nem muito doce
nem pouco amarga
há vezes cuspo osso
outras farpas
perco-me olhando os risinhos de simpatia exagerada
lamento não rir como eles, queria achar tanta graça
é tanto lambuzo que repuno da cena presenciada
seria eu um casulo ou uma rocha mal-amada?
conforto-me ao pensar na frágil Cecília falando sobre pedras
volto a confiar em mim e no tempo que reformula
as águas que nascem e morrem paradas e geladas
sem deixarem um instante a transparência de serem águas
digo confiando em mim e não nas fadas
"mesmo as pedras com o tempo mudam"
nem sempre serei só tábua
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