talvez eu não tenha os versos certos
que componham o ritmo desse coração
tenho a noite, a chuva fina
o vento levemente frio que gela meus pés
nessa primeira noite da minha nova solidão
estar sozinha é hábito antigo
os inícios dolorosamente são sós
os fins também, por mais otimistas que possam ser
ainda são sós
a solidão sempre assusta
lembra melancolia, medo
e lembra que é a própria solidão
a menina dura se vê muda
o único parceiro de prosa
é o soluço que quebra o silêncio noturno
ou as torneiras que pingam e os móveis que estalam
a casa ficou revirada, os móveis estão trocando de lugar
não mais aqui voltarão, não, não
um ciclo encerra com o lacrar das caixas
o burburinho dos nós dos sacos plásticos
a porta que será fechada em breve
guardará o vazio de fragmentos de tempos
vivos agora só em memórias, em marcas nas paredes
no sopro da brisa que transita entre os cômodos
e entre as frestas abertas pelos cupins
não sei o que tem do outro lado da porta
descendo as escadas, seguindo a avenida
depois do trem, do portão grandão, da nova porta lacrada
eu apenas irei, mas o medo agora mora em mim
sou muro úmido, cinza, invisível, solúvel
me chamo "não sei"
sábado, 24 de novembro de 2012
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Coração
e
quando
chegar
o
amor
a
palavra
cala
os
olhos
pulsam
o
gesto
fala
e o coração
troca o peito
a
palavra
cala
os
olhos
pulsam
o
gesto
fala
e o coração
troca o peito
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Te procurei
no meu diário
dentro do porta retrato
em cima da estante
fichário, armário, cabeçalho
saco plástico, porta-luvas do carro
bolso do casado, das calças, da abertura interna da bolsa
no celular, no dicionário atualizado
na caixa de sapatos, agasalho dobrado
ar-condicionado, estacionamento, livro mofado
macarrão ao molho pardo, televisor, computador
no papel rascunho amassado, poesia não iniciada
na fresta da janela que dá pro pátio
no peito, na boca, embaixo do braço
na unha, na coxa, na nuca, no beijo molhado
no fundo do mar, no topo da árvore, no meu lado
procurei você como um louco desesperado
mesmo assim, não te encontrei
ah, mas que cabeça tola essa minha
procurar por algo que nunca foi guardado
dentro do porta retrato
em cima da estante
fichário, armário, cabeçalho
saco plástico, porta-luvas do carro
bolso do casado, das calças, da abertura interna da bolsa
no celular, no dicionário atualizado
na caixa de sapatos, agasalho dobrado
ar-condicionado, estacionamento, livro mofado
macarrão ao molho pardo, televisor, computador
no papel rascunho amassado, poesia não iniciada
na fresta da janela que dá pro pátio
no peito, na boca, embaixo do braço
na unha, na coxa, na nuca, no beijo molhado
no fundo do mar, no topo da árvore, no meu lado
procurei você como um louco desesperado
mesmo assim, não te encontrei
ah, mas que cabeça tola essa minha
procurar por algo que nunca foi guardado
Abaixo!
abaixo as teorias
as frases de efeito
os corações partidos ao meio
abaixo a covardia
ao orgulho egoísta
ao preconceito de dar o direto
abaixo as velhas experiências
que engessam o presente
e atrasam a felicidade
abaixo a utopia que me guia!
queria mesmo
era ser um abaixo-assinado
Abaixo!
as frases de efeito
os corações partidos ao meio
abaixo a covardia
ao orgulho egoísta
ao preconceito de dar o direto
abaixo as velhas experiências
que engessam o presente
e atrasam a felicidade
abaixo a utopia que me guia!
queria mesmo
era ser um abaixo-assinado
Abaixo!
Amor Lápis de cor
eu sei
que todo amor
é lápis de múltiplas cores
arco-íris de um céu sem fim
eu sei
que a chuva é necessária
não apenas para lavar as dores
mas para evidênciar as cores
colocar a prova a intensidade
do amor-cor que habita ali
eu sei
que se todos os dias fossem belos e ensolarados
nossa! como seria chato e falso
as luzes esconderiam os segredos
que aparecem quando o céu está acinzentado
permitindo exibir o lado sombrio
que todo ser guarda a sete chaves
e que somente quando conhece o amor-cor
compreende que a felicidade não combina
com trancas, restrições ou cadeados
eu sei
que sobreviver aos temporais
é uma arte para um coração ávido
pois as lágrimas da chuva
afugentam os sentimentos
parecidos com o amor
já aqueles que possuem uma profundidade
fundida de múltiplas cores
são capazes de não escorrerem
água abaixo em dias ruins
então em turvas águas se fortalecem
os corações dos sábios enamorados
se unem ao invés de duelarem suas mágoas
e contemplam de corpos entrelaçados
o céu com suas diferentes paisagens
mas o que eu mais sei e não sei se você sabe
é que nada se sabe quando se envolve:
amor, céu e profundidade
nesse mundo de arco-íris artificiais
pintados por lápis de cores quebrados
o raso, o ralo e o básico
ganham cada vez mais espaço
são raras as pinturas duráveis
que transmitam a alma do autor
que todo amor
é lápis de múltiplas cores
arco-íris de um céu sem fim
eu sei
que a chuva é necessária
não apenas para lavar as dores
mas para evidênciar as cores
colocar a prova a intensidade
do amor-cor que habita ali
eu sei
que se todos os dias fossem belos e ensolarados
nossa! como seria chato e falso
as luzes esconderiam os segredos
que aparecem quando o céu está acinzentado
permitindo exibir o lado sombrio
que todo ser guarda a sete chaves
e que somente quando conhece o amor-cor
compreende que a felicidade não combina
com trancas, restrições ou cadeados
eu sei
que sobreviver aos temporais
é uma arte para um coração ávido
pois as lágrimas da chuva
afugentam os sentimentos
parecidos com o amor
já aqueles que possuem uma profundidade
fundida de múltiplas cores
são capazes de não escorrerem
água abaixo em dias ruins
então em turvas águas se fortalecem
os corações dos sábios enamorados
se unem ao invés de duelarem suas mágoas
e contemplam de corpos entrelaçados
o céu com suas diferentes paisagens
mas o que eu mais sei e não sei se você sabe
é que nada se sabe quando se envolve:
amor, céu e profundidade
nesse mundo de arco-íris artificiais
pintados por lápis de cores quebrados
o raso, o ralo e o básico
ganham cada vez mais espaço
são raras as pinturas duráveis
que transmitam a alma do autor
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Da Rocha ao Equilíbrio
a tantas ofensas
furia e mágoa
qual será o motivo
desses olhos secos
vidrados como máquina
onde está a doçura
do coração amado
foi colocada em
que parte da sua face
por um instante
pense sem revidar
que a leveza do seu ser
encontrará na mente
as respostas pro seu bem estar
furia e mágoa
qual será o motivo
desses olhos secos
vidrados como máquina
onde está a doçura
do coração amado
foi colocada em
que parte da sua face
por um instante
pense sem revidar
que a leveza do seu ser
encontrará na mente
as respostas pro seu bem estar
Fria e Calculada
há muita gente nessa reunião de fadas
com suas meiguices e afagos
vestem-se essa gente tão virtuosa
todos vivem em toda parte
doces criaturas encantadas
não magoam, não falam alto
não gorjeiam, não olham atravessado
procuram-se alegres, sempre animados
querem dividir a gentileza
a destreza de suas almas empáticas
que não toleram fala seca ou áspera
são contagiantes peregrinos da vida mágica
oposta a eles
sento eu
não sou
nem muito doce
nem pouco amarga
há vezes cuspo osso
outras farpas
perco-me olhando os risinhos de simpatia exagerada
lamento não rir como eles, queria achar tanta graça
é tanto lambuzo que repuno da cena presenciada
seria eu um casulo ou uma rocha mal-amada?
conforto-me ao pensar na frágil Cecília falando sobre pedras
volto a confiar em mim e no tempo que reformula
as águas que nascem e morrem paradas e geladas
sem deixarem um instante a transparência de serem águas
digo confiando em mim e não nas fadas
"mesmo as pedras com o tempo mudam"
nem sempre serei só tábua
com suas meiguices e afagos
vestem-se essa gente tão virtuosa
todos vivem em toda parte
doces criaturas encantadas
não magoam, não falam alto
não gorjeiam, não olham atravessado
procuram-se alegres, sempre animados
querem dividir a gentileza
a destreza de suas almas empáticas
que não toleram fala seca ou áspera
são contagiantes peregrinos da vida mágica
oposta a eles
sento eu
não sou
nem muito doce
nem pouco amarga
há vezes cuspo osso
outras farpas
perco-me olhando os risinhos de simpatia exagerada
lamento não rir como eles, queria achar tanta graça
é tanto lambuzo que repuno da cena presenciada
seria eu um casulo ou uma rocha mal-amada?
conforto-me ao pensar na frágil Cecília falando sobre pedras
volto a confiar em mim e no tempo que reformula
as águas que nascem e morrem paradas e geladas
sem deixarem um instante a transparência de serem águas
digo confiando em mim e não nas fadas
"mesmo as pedras com o tempo mudam"
nem sempre serei só tábua
domingo, 4 de novembro de 2012
Carta a uma Mãe
abraço-me ao livro que leio
como gostaria de entrelaçar
meus braços em tua sabedoria
beijo com fervura as palavras
escorrendo em meus olhos
gotas de paz que só encontraria em ti
quando sinto tua ausência
é a presença fazendo-se lembrar
de um tempo perdido
em que teus braços eram o único abrigo
que eu queria por longo tempo repousar
sei que está longe do meu toque
talvez nunca compreenda
porquê desfis-me de teu ninho
mais cedo que o previsto
excluindo-me do universo
que me incluiu
sei que não saí para um casamento
nem para viver um grande amor
ou para aventurar-me em tolices
que minha idade sugeria
mas não, não foi por isso que parti
talvez nunca encontremos
o motivo real desse tempo que nos desuniu
os porquês dessa distância
que se cravou em nós
talvez os sentimentos se misturem
com lembranças de um ontem
que o presente amorteceu
talvez não veja muito do que ensinaste
como minha ideologia atual
ou nos passos que avanço solitária de teu colo
e que nunca te convenças ao ver o que me tornei
que os melhores caminhos construíste no meu peito
justo quando caminhei tão distante do teu
talvez essa conversa tenha um fim não escrito
porém apenas lhe digo querida mamãe
que nunca haverá amor maior que o teu
como gostaria de entrelaçar
meus braços em tua sabedoria
beijo com fervura as palavras
escorrendo em meus olhos
gotas de paz que só encontraria em ti
quando sinto tua ausência
é a presença fazendo-se lembrar
de um tempo perdido
em que teus braços eram o único abrigo
que eu queria por longo tempo repousar
sei que está longe do meu toque
talvez nunca compreenda
porquê desfis-me de teu ninho
mais cedo que o previsto
excluindo-me do universo
que me incluiu
sei que não saí para um casamento
nem para viver um grande amor
ou para aventurar-me em tolices
que minha idade sugeria
mas não, não foi por isso que parti
talvez nunca encontremos
o motivo real desse tempo que nos desuniu
os porquês dessa distância
que se cravou em nós
talvez os sentimentos se misturem
com lembranças de um ontem
que o presente amorteceu
talvez não veja muito do que ensinaste
como minha ideologia atual
ou nos passos que avanço solitária de teu colo
e que nunca te convenças ao ver o que me tornei
que os melhores caminhos construíste no meu peito
justo quando caminhei tão distante do teu
talvez essa conversa tenha um fim não escrito
porém apenas lhe digo querida mamãe
que nunca haverá amor maior que o teu
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