domingo, 31 de agosto de 2014

quem se acha
dono da verdade

tem um fim trágico

ficar sozinho
acompanhado
da sua verdade
meu instrumento musical
é a vida

toco
ela
todo
dia

sábado, 30 de agosto de 2014

eu
linda

tu
lívido
as minhas
tristezas
nem duram
tanto assim

duram o tempo
da ausência
dos teus beijos
em mim

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

depois
que
perco
o
interesse

- pereço -


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

34 minutos

Tenho exatos 34 minutos e não sei o quanto perdi de tempo nas últimas quase 12 horas.
Parada a esmo, olhando para pessoas estranhas, alegres, ocupadas, divertidas, ainda assim estranhas.
Estou dividindo o dia com elas e agora ainda tenho 34 minutos antes de nos despedirmos e irmos para nossas vidas escondidas.
Mas tudo que tenho são 34 minutos, e nem os tenho mais, pois agora passaram-se 4 deles, e restam-me 30, quase 29, mas tenho 30 minutos.
Então escrevo, pois nada melhor sei fazer. Já fiz faculdade, fiz pós-graduação, passei maus bocados e outros momentos de muita comemoração. Mas quando olho para o relógio, aflita, na espera de ter um fim meu dia, penso que nada disso vale agora, quando estou aqui ociosa, sem fazer nada, sem ser nada, não nada para os outros, mas nada para mim.
Nos dias de hoje, tanto blá blá bla, perder 34 minutos parece um crime.
Há tanto a ser feito, a tanto a ser engolido, devorado, aprendido, resolvido. Mas nos intervalos das correrias da vida, das quebras de rotinas, das mudanças repentinas, vez que outra me deparo com dias como hoje, cheios de minutos soltos em meio a minha vida cheia e vazia.
Tenho agora 25 minutos... se estivesse na frente de um livro, seriam pouco mais de 3 páginas deliciosamente lidas. Se estivesse na frente de um filme, não teria sentido a história ainda. Se estivesse dentro do ônibus indo pra casa, seriam minutos de sonorização musical em meio ao caminho apreciado. Se estivesse na cama, seriam quase nada de minutos dormidos.
E hoje somo esses minutos com vários outros que virão, quero aprender com eles o desprazer de não o tê-los vividos esperando pela passagem das horas.
Reclamamos tanto de não ter tempo e eu, uma pessoa moderadamente ansiosa, agitada, planejada e (des) motivada, com tanto a fazer e a aprender, jogo na lixeira do tempo meus preciosos minutos de vida.
Faço deste tempo essa reflexão:

Temos tempo sim, temos tempo até para viver em vão, cabe a cada um inverter os olhos e mexer nos ponteiros dos relógios que só vemos quando o vazio invade a chama do coração. 
mente vazia
oficina dos anjos

diabo nenhum
seria tão desocupado

divagando em miolos ocos
inspiração
nasce
qualquer
hora
do
dia

mal tinha o amaldiçoado

e já queria amá-lo em poesia
tinha caneta
tinha papel
tinha um amor
tinha um emprego

~ só não tinha sonhos ~

isso lhe causava
desespero


era tarde
frio fazia

na mesa
da escrivaninha
nascia um sonho

todo bordado
pelo fio da fantasia
falava em cu
como quem falava em ouro


dizia:
cu
cu
cu

- a menina
encantada
ouvia
sei lá
que couro

domingo, 17 de agosto de 2014

o final de semana
é o suicídio
dos solitários
e o renascimento
dos apaixonados

Morre o ser só
Nasce o ser amado

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

tenho aqui
um pote
de saudade

cada dia
enche mais

tenho medo
que transborde

não sou indiferente
ao teu sentimento

apenas sou diferente
ao demonstrar o meu

A gente só tem uma chance de causar uma boa impressão?

Comecei escrevendo essa frase como uma afirmação devido uma experiência recente e ruim que tive, logo depois de lê-la algumas vezes para seguir meu pensamento sobre isso vi que para mim ela era uma pergunta e jamais uma afirmação.

Então resolvi falar o que penso sobre isso, já que fico questionando se realmente só temos uma chance de causar a real, a mais sincera e verdadeira impressão da essência da nossa individualidade, de "cara", tipo um carimbo.

__Pá! Carimbei! É isso que sou! Fim.__

E com propriedade digo meus caros: A primeira impressão não necessariamente será a que marcará e será referência do caráter ou da personalidade de uma pessoa.

E confesso que seria até assustador conhecer alguém que consiga transparecer e passar tantas características e sutilezas individuais em um primeiro momento.

Eu sou exemplo disso. Tenho sérias dificuldades de demonstrar meus interesses, pensamentos e sonhos para pessoas que mal conheço. Então com o tempo desenvolvi uma placa protetora de identidade e visto ela todos os dias, assim como escovo os dentes e faço poesia.

E assim vivemos nossas vidas:
- dizendo que somos vegetarianos, amando picanha
- dizendo que somos ecléticos, odiando aquela música chata
- dizendo que gostamos de fazer festas, querendo ficar em casa na frente da tv
- dizendo que gostamos da vida de casados, sentindo aquela saudade de não ter alguém "vigiando teus passos"
- dizendo que filhos são tudo, mas queremos passar o dia curtindo o que der na telha, sem cuidar de ninguém
- dizendo que somos independentes e auto suficientes e morrendo quando recebemos um carinho e um colo, pensando "como posso viver sem isso?"

E assim vivemos nossas vidas:
- olhando pra menina de saia curta e dizendo que ela é puta
- olhando pra menina de saia longa e dizendo que ela é santa
- olhando pra menina que é casada e tem filhos e dizendo que aquilo que é mãe de família
- olhando pra menina que é solteira e mora sozinha, dizendo que aquilo que é mulher pra uma noite divertida
- olhando pra menina de salto alto e boca sempre pintada e dizendo que é romântica
- olhando pra menina tatuada e dizendo que aquilo é rebeldia, falta de cristianismo, desrespeito social
Não posso reclamar quanto aos meus amigos, pois vivo num meio cultural que prevalece o carinho, a liberdade de expressão e o amor pela humanidade extinta de cada um.
Mas vez que outra esbarro com "pré-conceitos" comigo e com o outro, daí vejo pessoas criando personagens, falando frases prontas de impacto e que são clichês e ridículas pra caralho.

Pessoas se descartando ou super valorizando a si mesmas... e penso:

__Ah! Devo estar tendo uma má impressão. Silencio-me e ouço um bom som.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

de tudo
que levara

o que realmente
importava
nunca foi teu

domingo, 3 de agosto de 2014

se
não
gosta
de
poesia


meia
volta
da
minha
vida

você sabe quantos namoros fracassados já tive?

- não me conte suas decepções não

fale-me apenas das coisas lindas
que sei que ainda moram no teu coração

E o que são lágrimas?

- é quando a alma se liquefaz.

já viu líquido
não transbordar
don juan me ama
nos dias de semana
e nos finais de semana
só ama elas

será que seria pedir muito
alternar a escala delas?
o que faço pra conquistar teu coração?

- deixe-o livre

você acha uma pessoa interessante
até conhecer que pessoas
essa pessoa acha interessante
mulheres e a fantasia
de acreditar
em horóscopos

homens e a fantasia
de um ménage à trois

- às vezes acontece


o que é mais doce?
o que é mais doce?

- o pudim
feito
com
leite
condensado

- ou
a
boca
do
moço
e
da
moça
lambuzados
de
beijos
apaixonados