segunda-feira, 18 de agosto de 2014

34 minutos

Tenho exatos 34 minutos e não sei o quanto perdi de tempo nas últimas quase 12 horas.
Parada a esmo, olhando para pessoas estranhas, alegres, ocupadas, divertidas, ainda assim estranhas.
Estou dividindo o dia com elas e agora ainda tenho 34 minutos antes de nos despedirmos e irmos para nossas vidas escondidas.
Mas tudo que tenho são 34 minutos, e nem os tenho mais, pois agora passaram-se 4 deles, e restam-me 30, quase 29, mas tenho 30 minutos.
Então escrevo, pois nada melhor sei fazer. Já fiz faculdade, fiz pós-graduação, passei maus bocados e outros momentos de muita comemoração. Mas quando olho para o relógio, aflita, na espera de ter um fim meu dia, penso que nada disso vale agora, quando estou aqui ociosa, sem fazer nada, sem ser nada, não nada para os outros, mas nada para mim.
Nos dias de hoje, tanto blá blá bla, perder 34 minutos parece um crime.
Há tanto a ser feito, a tanto a ser engolido, devorado, aprendido, resolvido. Mas nos intervalos das correrias da vida, das quebras de rotinas, das mudanças repentinas, vez que outra me deparo com dias como hoje, cheios de minutos soltos em meio a minha vida cheia e vazia.
Tenho agora 25 minutos... se estivesse na frente de um livro, seriam pouco mais de 3 páginas deliciosamente lidas. Se estivesse na frente de um filme, não teria sentido a história ainda. Se estivesse dentro do ônibus indo pra casa, seriam minutos de sonorização musical em meio ao caminho apreciado. Se estivesse na cama, seriam quase nada de minutos dormidos.
E hoje somo esses minutos com vários outros que virão, quero aprender com eles o desprazer de não o tê-los vividos esperando pela passagem das horas.
Reclamamos tanto de não ter tempo e eu, uma pessoa moderadamente ansiosa, agitada, planejada e (des) motivada, com tanto a fazer e a aprender, jogo na lixeira do tempo meus preciosos minutos de vida.
Faço deste tempo essa reflexão:

Temos tempo sim, temos tempo até para viver em vão, cabe a cada um inverter os olhos e mexer nos ponteiros dos relógios que só vemos quando o vazio invade a chama do coração. 

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