sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia de colher

Quantos dias de plantio serão necessários para começar a colheita? E as lágrimas, são necessárias para que as sementes vinguem?
Tenho questionado minha lavoura ou quem sabe tenho só uma hortinha modesta, com pouca plantação e  muita especulação. Mesmo assim questiono a água que de mim jorra e a colheita que não quer encher minhas mãos.
Dizem que é dando que se recebe, que ao estender a mão,  nada deve ser esperado em troca e que tudo que vier é o merecido, o suficiente no momento ou se o que vier é pesado, ainda assim podemos carregar, porque só recebemos o peso (no caso o castigo) que podemos suportar.
E quando nada vem? E quando se planta, se cuida, se ama, se espera, mas nada vem!
Já pensaram que a palavra nada é proprietária de um vazio infinito e de uma insignificância mais infinita ainda?
Normalmente usamos o nada para expressar a falta de algo ou sua inexistência por completo. Posso não ter nada de algo que nem sei o que é, porque nunca tive ou não ter nada de algo que sei o que é e não tenho mais porque perdi, ou porque não quis mais, ou porque acabou e preciso conseguir mais, ou não ter nada por nada! Simplesmente não tenho, porque nunca tive, não conheço e nem sei como é.
Mas o que eu queria mesmo é saber qual é o dia de colher!
Tudo tem seu tempo, ou deveria ter, e esse tempo tem que ter início e fim, por isso se a gente planta em um tempo inicial, deve existir um tempo final de cada plantação para colher-lá.
Ai que tá... eu já acho que estamos plantando e colhendo simultaneamente tudo e não percebemos que o que vivemos já é a colheita. Interessante, não? Estamos tão acostumados a esperar tanto de tudo que não conseguimos pensar que já recebemos, não vemos e pior, não aproveitamos!
E é pensando assim que proponho a cada um olhar o que tem nas mãos, sentir a colheita que vingou e que nos enche as mãos sem percebermos a cada dia. Porque tudo que não é cuidado dia a dia segue o fluxo natural das coisas. E como frutos que não são degustados vão apodrecer, porém nas nossas mãos. Talvez quando for se dar conta da existência da colheita a única coisa que restará para fazer é enterrar. Afinal, nada, do sentido total da palavra, pode ser feito com o que morreu em nossas mãos, além de enterrar e começar uma nova colheita. Agora mais experiente.

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