segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Disputa

tenho uma criança
que nunca vai crescer

adormece no peito
no sossego do ser 

sem querer se corromper
sua única obrigação é
sobreviver

por fora da criança
figura uma armadura
imunda de feiura
cheia de vícios
disfarçada de capa adulta

às vezes moribunda
perambula

quando em atrito com a criança
rola uma sangrenta disputa
pela essência da doçura
perdida no vale da amargura
da vida dura

raramente elas se encontram

quando acontece
no centro do espelho
figura o absurdo

uma  criança brincando
de ser prostituta
com a alma da adulta

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